Há pelo menos três meses não chove em Campos e o período seco ainda deve se prolongar por mais um mês, o que tem preocupado produtores rurais. Esta é a previsão da meteorologia, segundo o climatologista e engenheiro agrônomo, Carlos Augusto Souto. Para o especialista, a estação do inverno é normalmente acompanhada por um período de seca. No entanto, este ano, a seca começou mais cedo e uma severidade maior tem sido notada nos últimos anos devido ao impactos da mudança climática global. "Neste caso, a chuva torna-se mais intensa e também a seca em seu período. Em maio não é normal não chover, mas foi o que aconteceu e ainda estávamos no outono. A seca se antecipou por causa do fenômeno La Niña", afirma Souto.
Para ele, somente no fim de agosto está previsto chuva. "E a quantidade também importa e talvez não seja significante. A tendência é que haja uma chuva significativa em setembro com a proximidade da primavera", disse.
Agricultura prejudicada
O período de seca já tem preocupado o setor agrícola. De acordo com Tito Inojosa, presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), lavouras podem ser perdidas com a falta de chuva e os prejuízos serão incalculáveis neste caso. "A safra da cana-de-açúcar até agora veio bem, mas a partir de agosto e setembro terá queda. É previsto ainda prejuízo à Pecuária, tanto do gado leiteiro quanto de corte. Enquanto isso, a proposta de projeto de lei para tornar o clima da região semiárido para favorecimento da economia não sai do papel", afirma o presidente.
Segundo ele, a seca tem afetado a agricultura em todo o país, com destaque para áreas de São Paulo e do Espírito Santo.
Outro problema da seca é a exploração dos rios. "O Paraíba do Sul abastece grande parte do Rio de Janeiro e de São Paulo e chega aqui com a vazão bem abaixo do esperado. Não temos como fazer adução de comportas, a não ser com bombas. Mas não temos recursos para comprar essas máquinas e nem recursos para investir em segurança e manutenção destes equipamentos", afirma Tito.
O climatologista Carlos Augusto, por sua vez, sugere investimentos públicos e privados em irrigação para salvar a lavoura. "É o que a ciência vem mostrando há mais de 50 anos e não é executado. É necessário investir em irrigação controlada, manipulando a água de maneira pensada, no seu uso consciente e preservando os rios e as nascentes. Além disso, é necessário preservar o solo para um bom manejo da agricultura. De forma global, é indispensável a redução de emissão de CO2 da atmosfera que muito se intensificou com a exploração do petróleo e do carvão para geração de energia", declara Souto.